No Brasil, somente 0,6% (aprox) das palavras serão afetadas. Veja abaixo as mudanças:
TREMA
Deixará de existir em todas as palavras (ex: lingüiça será escrito como “linguiça”), com exceção para nome próprios
HÍFEN
Não será mais usado nos seguintes casos:
- Quando o primeiro elemento termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente (Ex: extra-escolar será escrito como) “extraescolar”;
- Quando o segundo elemento começar com r ou s. Nesse caso, a primeira letra do segundo elemento deverá ser duplicada (Ex: anti-semita e contra-regra serão escritos como “antissemita” e “contrarregra”;
ACENTO DIFERENCIAL
Não se usará mais o acento para diferenciar:
- “pêra” (substantivo - fruta) e “pera” (preposição arcaica)
- “péla” (flexão do verbo pelar) de “pela” (combinação da preposição com o artigo)
- “pára” de “para” (preposição)
- “pêlo” de “pelo” (combinação da preposição com o artigo)“pólo” (substantivo) de “polo” (combinação antiga e popular de “por” e “lo”)
Deixará de existir em:
- palavras que terminam com hiato “oo” (Ex: vôo e enjôo serão escritos como “voo” e “enjoo”)
- terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos dar, ler, crer e ver (ex: Lêem, vêem, crêem e dêem serão escritos como “leem”, “veem”, “creem” e “deem”)
- Será abolido em palavras terminadas com “eia” e “oia” (ex: idéia e jibóia serão escritos como “ideia” e “jiboia”.
- Nas palavras paroxítonas, com “i” e “u” tônicos, quando precedidos de ditongo. Exemplos: “feiúra” e “baiúca” passam a ser grafadas “feiura” e “baiuca”
- Nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou “i”. Com isso, algumas poucas formas de verbos, como averigúe (averiguar), apazigúe (apaziguar) e argúem (arg(ü/u)ir), passam a ser grafadas averigue, apazigue, arguem
O alfabeto agora contará com as letras “k”, “w” e “y”, somando um total de 26 letras
Só o Brasil adota nova ortografia
Outras nações de língua portuguesa ainda não tomaram medidas concretas para a implantação das mudanças no idioma
Enquanto, no Brasil, a adoção do acordo ortográfico completa um ano a passos largos, nos outros sete países de língua portuguesa, a reforma engatinha. O país foi o único a adotar medidas concretas para disseminar as novas regras, como a conversão de livros didáticos, o uso nas escolas e a mudança da forma de escrever na imprensa.
Em Portugal, onde a maior parte da população se opõe ao acordo, a implantação é vacilante e cheia de indefinições. Por enquanto, apenas alguns jornais adotaram a regra unificada. Novos passos devem ser dados a partir de agora. A ministra portuguesa da Cultura, Maria Gabriela da Silveira Ferreira Canavilhas, anunciou que a Agência Lusa e o Diário da República começariam 2010 com escrita renovada. Ao mesmo tempo, uma ação contraditória partiu de outro setor do governo. Em dezembro, a ministra da Educação, Isabel Alçada, recuou da decisão de adotar o acordo no sistema de ensino já no novo ano.
– Estamos a pensar a estratégia, mas ainda não estão definidas metas. Não é no próximo ano ainda (em 2010). Temos de fazer todo um trabalho com os diferentes parceiros para definir a forma como o acordo ortográfico será introduzido – disse, em entrevista ao jornal Público.
Apesar do adiamento, a ministra tem defendido que a introdução “não é complicada” e pode ser feita de forma “serena”. Portugal fixou prazo até 2015 para a adaptação.
Uma dificuldade é que Portugal tem adversários ferrenhos à mudança. Uma sondagem sob encomenda do jornal Correio da Manhã, o mais vendido no país, em março, mostrou que 57,3% dos portugueses são contra as novas regras. Um dos nomes mais importantes da cultura portuguesa, Vasco Graça Moura lidera o movimento para abandonar o acerto com os demais países.
– O processo ainda pode ser parado. Não pode avançar sem haver ratificação por todos os países. Se o objetivo é a unidade da grafia, basta que um não avance para que não faça sentido – diz ele.
José Mário Costa, fundador e coordenador do site Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, rebate:
– Não há nenhuma possibilidade de recuo. O acordo está em vigor.
Nos outros países, a discussão está ainda mais atrasada. Em novembro, o governo de Cabo Verde anunciou que o acordo entrou em vigor, mas ainda não tomou medidas práticas para implementá-lo. Angola e Moçambique sequer o ratificaram oficialmente. Imersos num cotidiano de pobreza e baixo desenvolvimento social, os países africanos estão longe de considerar a reforma ortográfica uma prioridade.
– Eles ainda não assinaram apenas por questões burocráticas. Quando houver a adesão de Portugal, todos vão aprovar – avalia o escritor Godofredo Oliveira Neto, da Comissão de Língua Portuguesa do Ministério da Educação do Brasil.
Coordenador do Setor de Lexicologia e Lexicografia da Academia Brasileira de Letras, Evanildo Bechara diz que não há motivo para preocupação:
– A resistência é normal. Pouco a pouco, a nova ortografia caminha, e os pontos divergentes são resolvidos.
O que falta esclarecer
- Uso do hífen: o acordo não menciona como grifar expressões com “não”, como “não agressivo”. Diante da omissão, a Academia Brasileira de Letras (ABL) entende que a palavra não leva hífen. Mas o vocabulário produzido pela Editora Porto, de Portugal, entende o contrário e grafou as palavras com hífen.
- Grafia de termos botânicos e biológicos: a regra geral do acordo prevê que os nomes sejam separados por hífen, como em “bico-de-papagaio”. Mas a expressão pode designar tanto uma planta como uma saliência óssea. A ABL entende que ela leva hífen apenas quando se referir à botânica. Nesse caso, quem fizer referência à saliência óssea deve escrever “bico de papagaio”, e quem quiser se referir à planta deve escrever “bico-de-papagaio”. O primeiro dicionário editado em Portugal seguiu a regra da ABL, mas não existe consenso.
- Palavras como “reeleição” e “reeditar” também suscitaram dúvidas, pois o novo acordo prevê que vogais sejam separadas por hífen. Para a ABL, a grafia deve permanecer como era, pois o acordo não faz referência direta. “A falha levou as pessoas a pensarem que deviam separar o ‘re’, como em ‘re-eleição’. Mas entendemos que ele só tratou das coisas que mudam, o que não foi mencionado fica como está.”
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